sábado, 19 de dezembro de 2009

Marketing

Paris tem uma quantidade enorme de mendigos pedindo dinheiro pelas ruas. São o que eles chamam aqui de: SDF (sem domicílio fixo).

Acho que é uma tendência mundial, mas tá surgindo uma nova categoria de mendigos que eu chamo de "mendigos marketeiros". Explico... Eles sentam em posições de suplica (ajoelhados por horas), escrevem plaquinhas falando o quanto estão com fome e o mais impressionante: tem cachorros fofíssimos que ficam sentadinhos do lado deles olhando pra gente com cara de sofrimento.

São sempre cachorros muito bonitinhos, diria até que são bem tratados, mas não tem como comprovar isso. Eu tento me controlar sabe? Não posso dar dinheiro pra todo mundo que eu vejo na rua, mas confesso que quando tem um cachorro junto fica ainda mais difícil.

Abaixo fotos que fiz com o celular de alguns desses mendigos com seus fiéis cachorrinhos:


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Chovendo pipoca

Bom dia chuchus da minha vida!

Ontem foi o primeiro dia de neve aqui em Paris! Eu acordei, olhei pra fora e pensei "eba, chuva de pipoca".

Aqui em Paris, por ser um grande centro urbano, e ser bem poluido, a neve não fica muito, sabe? Ela logo derrete no chão e é difícil ver a cidade branquinha que nem tava ontem.

Pra quem nunca andou numa cidade com neve no chão eu aviso: é MUITO difícil pra quem não tem prática (leia-se: eu), porque escorrega e é muito fácil cair. A neve derrete, mistura com a sujeira do chão e vira umas plaquinhas de gelo super lisas, enfim... um sabão! Passei o dia andando que nem um pato ontem: com passinhos pequenos e descordenados. Um charme!

Ontem eu tive o privilégio de ver cenas incríveis. Os franceses gostam da neve e ficam felizes quado chegam os primeiros floquinhos brancos do inverno. Vi várias batalhas de bola de neve ontem pela rua, principalmente na hora em que as crianças saem da escola (por volta de 16h). Óbvio que tomei uma na cabeça por acidente de dois adolescentes adoráveis que estavam tentando se acertar. Respondi ao pedido de "Pardon madame" com aquela cara de dor de barriga que só eu sei fazer.

Mas o ponto alto do dia foi uma mãe toda feliz que brincava na neve com sua filhinha e acertou a pequena bem na boca. Eu tive a sorte de olhar na hora em que a pobre criança chorava e cuspia neve ao mesmo tempo! Hahahah... como ninguém entende português e talvez nem brasileiros entendam essa expressão, eu falei um "Joselita" bem alto pra quem pudesse ouvir naquela hora!

Abaixo foto do quintal do meu vizinho (primeira cena que eu vi quando acordei) e da minha mãozinha cheia de neve que acumulou na janela!




terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os franceses e as estações do ano



Estamos no outono. Estação que eu considero a mais bonita, porque tudo fica lindo em tons de amarelo e vermelho. Tem o frio, lógico, mas não é nada insuportável. Essa semana tá fazendo uma média de 8 graus, ou seja, nada que um casaco e um cachecol não resolvam.
Desde que cheguei aqui tenho reparado na relação dos franceses com o clima. Eles são quase obcecados e vivem em função disso. Chego a perder a conta de quantas vezes por dia passa a previsão do tempo na TV... até em canal pra criança tem, acredita?
As estações do ano, pra eles, são verdadeiras referências. É o que divide o ano e é como eles se lembram das coisas que aconteceram, por exemplo: "no último inverno, fomos ao estádio" ou "nesse verão tivemos um vazamento em casa" (qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coinscidência).
Sem falar da quantidade absurda de palavras pra definir o clima:
Il fait beau - quando tá sol
Il fait chaud - quando tá quente
Il fait froid - quando tá frio
Il fait bon - quando tá menos frio do que deveria naquela estação
Il fait frisque - tipo, fresquinho
Il fait frais - um outro tipo de fresquinho
Ainda tem mais umas dez expressões, mas acho que vcs já entenderam o quanto isso é importante pra eles, né? Acho que é a mesma relação que a gente tem com os feriados no Brasil, tipo: "no carnaval de 2004...". Agora vocês entenderam, né? Danados...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Muchas Maracas

Oi macacada, vim contar mais um dos meus epísodios vergonhosos. Tenho a impressão que eu vivo me esculhambando aqui e que quem lê o blog deve achar que eu sou mó pamonhona. Vocês tem razão, sou mesmo =)

Eu amo comida mexicana... acho que não tem nada mais apropriado no mundo pra acompanhar bebidas alcoólicas. E semana passada, fomos num restaurante mexicano chamado Arriba Mexico: boa guacamole, preço honesto, lugar simpático, mexicanos de verdade, mojitos etc.

Eu tava lá, toda contente, me acabando numas fajitas... quando avistei dois simpáticos mariachis que iam cantando de mesa em mesa pras pessoas do restaurante. Eu tava achando o máximo, batendo palmas e cantando Guantanamera, quando de repente me dei conta de que mais cedo ou mais tarde eles chegariam na minha mesa.

E aí meus queridos, comecei a ficar em pânico imaginando onde eu ia colocar minha cara quando eles viessem cantar olhando pra mim, afinal todas as atenções do restaurante estariam voltadas para a minha mesa e... e... e... ai que vergonha, viu?

Porque uma coisa é ver eles cantando pros outros, mas quando é com a gente fica aquela situação chata de "será que eu canto junto?", "será que eu continuo comendo?", "dou dinheiro quando acabar?", "acho que vou ficar olhando pro prato até eles irem embora", "será que eu vou caber debaixo da mesa?".

Bom, já sentiram o drama né? Faltando duas mesas pra chegar a nossa, eu olhei pro Pierre e disse "bebe logo esse mojito, desencana da sobremesa e vamos correndo antes que eles cheguem". Pedimos a conta, mas começou a demorar pra chegar, e os mariachis estavam a apenas uma mesa da nossa... ai caramba!

Na hora que o garçom colocou a conta na mesa eu olhei pra ele com cara de coitadinha e disse "a gente poooooode pagar no caaaaaixa?". Ele nem concordou e eu já tinha levantado e saído correndo. Mas ainda deu tempo de olhar pra trás e fotografar os mariachis, que, obviamente, perceberam nossa fuga descarada.



Reparem na cara de desaprovação do mariachi da esquerda
(que tem o cabelo igual ao da minha avó).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Ah... a idade...



Aconteceu aqui em Paris, na margem do rio Sena, uma feira de produtos do sudoeste da França. Foie-gras, bons vinhos, queijos, enfim... tudo que esse país tem de melhor. Obviamente, eu e Pierre fomos e fizemos a festa: "degustamos" vinhos e saímos de lá felizes com nosso potinho de foie-gras.

No mesmo dia, também em Paris, aconteceu a Techno-Parade. Tipo um carnaval de música eletrônica: trios elétricos com DJs montados em cima, botando som muito bom pra galera que fica pirando embaixo.

Minutos depois de sair da famigerada feira de produtos do sudoeste, nos demos conta que a techno-parade passaria ali do lado e que poderíamos aproveitar a viagem pra dar uma olhadinha. Nos posicionamos numa calçada que nos permitiria uma boa vista da festa e aguardamos pacientes a chegada dos caminhões de som.

Enquanto esperávamos, centenas de adolescentes se acumulavam a nossa volta e quanto mais eles chegavam mais eu pensava que tava parecendo uma "tia velha" com meu vestidinho azul e meu potinho de foie-gras. Enfim, continuamos esperando até que os caminhões chegaram.

Tudo bem... eu nunca fui muito fã de música eletrônica, mas sempre soube aproveitar momentos como esse. Só que não foi o caso. Achei tudo uma chatice e fiquei reclamando da mesma maneira que meu pai reclamava quando eu colocava música alta em casa.

Foi aí que eu tive uma revelação: me divirto muito mais numa feira de produtos típicos que num carnaval de música eletrônica. Um dia eu acordei velha e nem me dei conta disso...
Mas pra provar que não fui só eu que desistiu da techno-parade, segue uma sequência de fotos reveladora:



Bob se sentindo deslocado no meio da galerinha.



Viu? O Bob também desistiu.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Au Coeur du péché

Geeeente! Ontem a noite, eu tava mudando de canal inocentemente, quando lá pelo último número dei de cara com a Taís Araujo (aquela atriz brasileira) falando um francês toscamente dublado. Lógico que parei pra assistir e pra minha surpresa era aquela novela "da Cor do Pecado", que passou aí no Brasil há sei lá quantos anos atrás.

Nem precisei me esforçar muito pra lembrar que era uma "novela das 7", uma categoria em que sempre temos histórias engraçadinhas com muitas pessoas saradas e semi-nuas. Diferente da "das 6" que é a que tem o assunto light (geralmente de época) e da "das 8" que é "A novela" cheia de vilões e reviravoltas mirabolantes.

Fiquei meio chocada com o que vi, porque me pareceu tão idiota e cheio de clichês quanto qualquer novela mexicana que a gente assiste aí no Brasil. Talvez seja a dublagem que dê esse aspecto, ou talvez a trama seja mesmo muito fraca. Enfim... reclamei, reclamei, mas óbvio que assisti até o fim só pra ver imagens das praias e ouvir musiquinhas brasieleiras. Foi mágico... hahahhaha

Dêem uma olhada no francês fluente da "Pretá" (presonagem da Taís Araújo que no Brasil era chamada de Preta). =)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Boulangerie x Padaria


Aqui na França, as lojas de pão se chamam "Boulangeries", e elas sempre tem uma carinha mais ou menos parecida com essa foto aí de cima. São pães de todos os tipo, com destaque pra baguette e pro croissant. Por mais clichê possa parecer, é MUITO comum ver os franceses carregando suas baguettes embaixo do braço pelas ruas. Eu mesma já sou adepta dessa prática, mas confesso que quando a baguette tá quentinha, dificilmente ela chega inteira em casa.

Já os croissants são um episódio a parte na minha vida. Quando eu morava no Brasil, eu não gostava deles, achava que o gosto era estranho, a textura era bizarra, enfim... torcia o nariz quando via um croissant. Mas aqui, meus queridos... tudo mudou! Eles são tão absurdamente tentadores que quando eu cheguei, comia 1 ou mais croissants por dia. E o resultado obviamente foi que: eu engordei.

Olha como eu sou inocente... nunca ia imaginar que aquela delicinha em formato de meia lua tinha quase 500 calorias!!! Isso mesmo: QUI-NHEN-TAS! Hoje em dia minha cota de croissant se limita a 1 por semana. Normalmente no sábado de manhã, afinal eu também sou filha de Deus.

Mas apesar das delícias das boulangeries francesas, sinto tanta falta das padarias do Brasil, com seus pães de queijo, seus pães na chapa, seus sucos de laranja e Toddys batidos (nham, nham).

Tenho saudade também de poder tomar café da manhã dentro da padaria, porque aqui a boulangerie é só uma loja de pães, ou seja: compra e vaza! Tipo farmácia sabe? Ninguém fica tomando remédio dentro da farmácia... (que explicação bizarra essa minha)

Já comentei que não existe pão francês na França? Coisa mais sem sentido, né? Por que diabos nosso pãozinho mais clássico tem esse nome? Será que é porque ele é tipo uma mini baguette? Acho que a gente devia fazer um abaixo assinado pra mudar o nome dele pra "pão brasileiro".

Beijos e até a próxima =)