segunda-feira, 6 de julho de 2009

Farrofá

É muita injustiça! Em São Paulo, se a gente vai no parque Ibirapuera com um grupo de amigos e uma sacola cheia de comida pra almoçar sentados na grama, somos instantaneamente chamados de "FAROFEIROS".

Mas saibam vocês que a farofagem é tendência aqui na zoropa. Não tem coisa mais comum aqui em Paris do que fazer "pic nic", ou o que eu chamo carinhosamente de "farrofá".

Agora que estamos no verão, é um mar de toalhinhas coloridas estendidas pela cidade. Qualquer graminha que a gente passa tem uma galera comendo.

Hoje fui num parque bonitão chamado "Parc Monceau", que fica numa área chiquérrima da cidade, e olha a fotinho aí embaixo. Fiz umas setinha pra mostrar onde estão acontecendo os pic nics. Isso só num pedaço de grama... imagina no resto do parque.




Bom, pra vocês aí ficarem por dentro, os ítens básicos de um pic nic francês são: baguete, patês, queijo camembert, saucisson (que é uma coisa parecida com salame), frutas etc. Aaaah e tem uma moda rolando do tomatinho cereja, vai entender...

Mas faltou falar de um componente que tá presente em 99% das toalhinhas estendidas sobre os gramados parisienses: o champagne.


E acho que é aí que o limite entre a farofa e o pic nic é traçado. Champagne faz com que a gente pareça chique, né minha gente? Fica a dica: da próxima vez que for comer aquele frangão na praia, não esqueça de levar o champagne. Aposto que vão pensar duas vezes antes de te chamar de farofeiro.


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Palavras engraçadas

Vira e mexe tem uma palavra aqui que me faz rir. São palavras, nomes, lugares que me fazem lembrar outras palavras em português e que geralmente me dão crises de riso que deixam o Pierre sem entender nada durante os minutos que levam pra eu parar de gargalhar.

Explico: outro dia eu disse que precisava cortar o cabelo e o Pierre me disse "vc precisa ir na minha cabelereira, ela é muito boa". Eu fico toda feliz, afinal é sempre bom ter alguém de confiança e digo "legal! qual o nome dela?". Meu noivo responde "ela é de origem marroquinha, chama-se Suada" (provavelmente não se escreve assim, mas a pronuncia é exatamente essa).

Gente! Como assim a pessoa chama "Suada"??? Como será que chamam as irmãs dela? "Transpirada" e "Ensopada"? =0

Em lojas de panelas e fogões é normal ver um troço que chama "mijotop", que serve pra "mijoter" os alimentos. Na verdade é um tipo específico de cozimento que demora mais tempo e cozinha devagarinho os alimentos. Mas toda vez que eu vejo o tal "mijotop", me mijo de rir... hehehe piada infame!

E aí em baixo o clássico dos clássicos. Um bar muito simpático que eu vi no aeroporto de Dublin!





Nú com a mão no bolso


Cara, odeio manequim de loja pelado...


Não sei explicar, fico chocada sempre que vejo. Normalmente o choque é ainda maior quando tem outros vestidinhos e um no meio lá, assim, peladão.


Acho que se fosse uma pessoa de verdade no lugar não me incomodaria tanto. Será Freud explica?


Fête de La Musique

No último dia 21 de junho, aqui na França, aconteceu um evento incrível chamado "Fête de La Musique" (festa da música). É um dia em que vários músicos, isolados ou em bandos saem nas ruas do país pra tocar sua música. Resultado: uma banda em cada esquina. Tem coisa boa, coisa ruim, coisa mais ou menos. De heavy metal a gospel... tem música pra todos os gostos!

Impressionante ver todo mundo feliz, dançando e cantando numa cidade em que geralmente não se vê muitos sorriso gratuitos. É tipo um carnaval, mas ninguém pega ninguém...

Eu me diverti muito e recomendo: Venham para a próxima!














Parisienses...

Tá, eu moro em Paris e amo essa cidade, mas se tem uma coisa aqui que não presta, é o povo. Oooo gentinha mal amada, viu? Outro dia pisei no pé de um cara no ônibus, pedi desculpa e mesmo assim fui xingada durante os 30 minutos que fiquei no onibus. Quase sempre a gente ve alguém arranjando encrenca com alguém na rua...

Fora o tanto que a gente é maltratado por vendedor de loja, garçon etc. Nem pagando tratam a gente bem. Na locadora aqui perto de casa, foi só eu colocar o pé dentro dela e o atendente gritou "escolhe logo que a gente quer fechar". Caraca! A gente é muito mal acostumado no Brasil viu?

Agora vocês tão pensando "se não gosta de francês por que vai casar com um?". Mas é aí que vcs não entenderam: os franceses são muito legais, o problema é apenas em Paris... é só passar os limites de cidade que as pessoas já ficam simpáticas.

O foda é que por causa da capital, o país todo leva fama de "mala". E sabe qual é o pior disso tudo? Parisiense se orgulha de ser chato. Querem uma prova?

Tem um jornal bem importante aqui chamado "Le Parisien" (O Parisiense), a campanha publicitária dos caras é baseada nas maldades dos habitantes da cidade luz. O slogan da campanha é "Le Parisien. Il vaut mieux l'avoir en jornal", traduzindo pra português dá qualquer coisa do tipo "O Parisiense. É melhor tê-lo em jornal".

Resumindo, neguinho bate no peito e assume que é pentelho...

Infância Globalizada

Semana passada, a Vivi, uma amiga brasileira nossa, fez uma festa a fantasia tema "anos 80". A maioria de convidados era de brasileiros, mas também tinham franceses, mexicanos, indianos etc.

Como todo mundo tem mais ou menos a mesma idade, os anos 80 foram a época da infância da galera. Foi engraçado ver que apesar de ter sido uma festa com varias nacionalidades diferentes as referencias são as mesmas pra todo mundo. Os cantores, as séries de televisão, os filmes... Eita infância globalizada!

A briga só acontecia na hora de escolher a música. Cada um queria colocar música anos 80 do seu país. Foi demais ver a cara de vaso dos franceses enquanto os brasileiros piravam ao som de "meu erro" do Paralamos do Sucesso. Difícil agradar todo mundo, né?

O ponto alto da festa foi ver a disputa Brasil x México pra ver qual versão de Ilariê da Xuxa ia ser cantada mais alto: em espanhol ou em português. Impagável!

"Ilari, Ilari, Ilarie Oh, oh, oh. Este es el show de Xuxa y los saluda com amor".



(Pierre de Jason e eu de vítima... o amor é lindo)











24 heures du Mans

Passei por uma experiência meio surreal mês passado. Participei de um concurso de design aqui na França e ganhei uma viagem pra assistir o 24 horas de Le Mans.

Nunca achei que fosse ganhar, afinal o que eu tinha que fazer era desenhar um carro de corrida e quem me conhece sabe que carros definitivamente não são minha paixão. O que eu mais gostava no meu era o ar-condicionado...

Mas enfim, de graça até injeção na testa, né? E nessa pindaíba que eu ando, uma proposta de passagem+hotel de graça é aceitável até pra assistir votação no senado. Tá feia a coisa, minha gente!

Pra quem não conhece, esse 24 horas de Le Mans é uma corrida de carro, que dura 24 horas. Mas meninas, anotem a dica... não existe no mundo, um lugar em que a proporção homem/mulher seja tão desigual. Não importa o quanto vc esteja desarrumada, despenteada, destroçada e desesperada vc vai receber MUITAS cantadas.

Obviamente muitos deles são casados e deixaram as mulheres em casa durante esse final de semana regado a cerveja e gasolina. Mas mesmo que vc não econtre um namorado lá, saiba que vai sair com sua auto-estima nas alturas. Eu recomendo!

A corrida mesmo eu aguentei durante 6 horas, parceladas obviamente... mesmo com área vip e tampões nos ouvidos (pq o barulho é insuportável), não deu pra ficar lá. Preferi dar umas voltinhas pela cidade, que é uma gracinha e comer em restaurantes, já que a mordomia tava inclusa no pacote.

Mas o que mais me impressionou no tal evento foi a dimensão dessa paixão entre homens e carros. Eu vi, kilometros e kilometros de ruas com pessoas dormindo em carros, em volta do circuito da corrida. Gente que não tinha grana pra pagar o hotel e que mesmo assim atravessava a Europa toda pra ver o negócio.

Tinha gente do mundo todo lá e vc via que aquele era o final de semana da vida deles. Que eles tinham planejado, montado esquemas impossíveis, feito camisetas especias pra turminha deles, só pra estar lá.

Vi neguinho passar a noite toda enrolado em cobertor na arquibancada, sem desgrudar do binóculos um segundo. Muita loucura!

E eu lá de convidada especial pensando quantas pessoas queriam estar no meu lugar. Decidi que ia tentar honrar minha posição e acordei as 4am pra ver o sol nascer na corrida (momento que o pessoal diz ser o mais "poético"). Bom, o resultado foi: eu não me apaixonei pela corrida e peguei o trêm de volta pra Paris 3 horas antes dela acabar. =)

(Bastidores da Corrida)

(Eu no meio da pista, antes da corrida começar.)


(Na pista, antes da corrida com a equipe e os outros ganhadores)

(Com os pilotos da Ferrari)

(dando voltinhas pela cidade)


(por do sol em Le Mans)


(nascer do sol na corrida)


(teve gente que não aguentou e dormiu na arquibancada)

(essa corrida faz até milagre!)